Músicas e poemas que aparecem nas Memórias da irmã Lúcia
Canto de São Francisco Marto
(autoria desconhecida)
Amo a Deus no céu.
Amo (-O) também na terra.
Amo o campo, as flores.
Amo as ovelhas na serra.
Sou uma pobre pastora,
Rezo sempre a Maria.
No meio do meu rebanho,
Sou o sol do meio-dia.
Com os meus cordeirinhos
Eu aprendi a saltar.
Sou a alegria da serra,
Sou o lírio do vale.
Prece à Jacinta
(autoria irmã Lúcia)
Ó tu que a terra
Passaste voando,
Jacinta querida,
Numa dor intensa,
Jesus amando,
Não esqueças a prece
Que eu te pedia.
Sê minha amiga
Junto do trono
Da Virgem Maria.
Lírio de candura,
Pérola brilhante
Oh! lá no Céu
Onde vives triunfante,
Serafim de amor,
Com teu Irmãozinho
Roga por mim
Aos pés do Senhor.
Alegrias da Serra
(autoria desconhecida)
Coro
Ai, trai lari, lai, lai,
Trai lari, lai, lai,
Lai, lai, lai!
1
Nesta vida tudo canta,
Comigo, ao desafio:
Canta a pastora na serra
E a lavadeira no rio.
2
É a voz do pintassilgo
Que me vem a despertar,
Logo ao nascer do sol,
No silvado, a cantar!
3
De noite, canta a coruja
Que me quer assustar!
Na escamisada, canta
A rapariga ao luar!
4
O rouxinol, na campina,
Passa o dia a cantar!
Canta a rola no bosque,
Canta o carro a chiar!
5
A serra é um jardim
Todo o dia a sorrir!
São as gotas do orvalho,
Nas montanhas, a luzir!
Parabéns desenganados
(autoria desconhecida)
I
Coro
Tu és o sol desta esfera,
Não lhe negues os teus raios.
Sorrisos de primavera – ah!!!
Não convertas em desmaios!
1
Parabéns à rapariga,
Com fragrância, ao novo sol,
Porque, risonha, adivinha
Os mimos doutro arrebol.
2
É ano rico de flores,
Rico de frutas e bem!
E o novo, nos seus alvores,
Rico de esperanças te vem.
3
São o teu melhor presente,
Teus melhores parabéns!
Cinge com eles a fronte,
É a melhor c’roa que tens.
4
Se o passado te foi lindo,
Futuro mais lindo tens!
Parabéns pelo findo,
Pelo que entra, parabéns!
5
Nesta vida, flor do Atlântico,
Neste amigável festim,
Celebre-se, em ledo cântico.
O jardineiro e o jardim!
6
Compadecem-te as flores
De teu paterno torrão!
Teu lar de castos amores,
Teus laços de coração.
II
Coro
Achas acto, cavalheiro,
Que ao ver surdir o penal,
A Berlenga e o Carvoeiro – ah!!!
Apaguem o seu farol?
1
Mas o mar em frol rebenta,
Remoinho, eterno fulcro!
Cada norte é uma tormenta,
Cada tormenta um sepulcro.
2
Tristes morros da Papoa,
Estelas e Farilhões!
Que tragédia não ressoa
Cada um de seus cachões!
3
Cada escolho, nestas águas,
É de morte um presságio!
Cada vaga canta mágoas,
Cada cruz lembra um naufrágio.
4
Pois tu queres ser mais duro,
Queres sumir-te, e és luz
Que, da vida, em mar escuro,
Tanto barquinho conduz?!
III
Coro
E fico d’olhos enxutos
Ao falar em despedida!
O hesitar foi de minutos - ah!!!
O imolar-me é de toda a vida.
1
Vai, mas diz ao Céu que corte
Da sua graça o raudal!
E as flores mirre de morte,
Por não seres seu canal.
2
Vai, que fico em desconforto,
Enlutado o Santuário!
Dobrará o bronze a morte,
Na grimpa do campanário.
3
Mas apenas me deixas
Da triste Igreja, no Adro,
Vou deixar eternas queixas,
Escrevendo em negro quadro!
4
Foi jardim risonho e belo
Este solo hoje sem flor!
Não lhe faltou o desvelo;
Faltou ele ao seu cultor.
5
Espero da Providência
Futurosos carinhos!
Esperem-nos, com preferência,
As que deixam pátrios ninhos.
Despedida de São Francisco Marto
(autoria irmã Lúcia)
Era de noite... e eu, plácida, sonhava
Que em tão festivo, suspirado dia,
Celestial enlace, em grã porfia,
Entre nós com os Anjos se agitava!
Que áurea coroa – ninguém ideava
Das florinhas que a terra produzia!
Que igualasse a que o Céu lhe oferecia
No angélico primor que a saudade deixava!
De lábios maternos... gozo, sorriso!
No celeste paraíso... vive em Deus!
D’amor encantado, de gozos sob’ranos,
Passou estes anos... tão breves... Adeus!!!
A Serrana
Serrana, Serrana,
De olhos castanhos!
Quem te deu, Serrana,
Encantos tamanhos?...
Encantos tamanhos!
Nunca vi assim!!!
Serrana, Serrana,
Tem pena de mim.
Tem pena de mim.
Serrana, Serrana,
Tem pena de mim!!!
Serrana, Serrana,
De saia volante,
Quem te deu, Serrana,
Ser tão elegante?
Ser tão elegante!
Nunca vi assim!!! etc.
(o final de todos como o primeiro)
Serrana, Serrana,
Peito cor de rosa!
Quem te deu, Serrana,
Uma cor tão mimosa?
Uma cor tão mimosa!
Nunca vi assim!!! etc.
Serrana, Serrana,
D’ouro enfeitada!
Quem te deu, Serrana,
Saia tão rodada?
Saia tão rodada!
Nunca vi assim!!! etc.
Tem cautela
Se fores à Serra,
Vai devagarinho.
Olha lá: não caias
N’algum barroquinho!
N’algum barroquinho,
Não hei-de eu cair,
Que as Serranitas
Me hão-de acudir.
Me hão-de acudir,
Queiram ou não.
Serranitas, meu coração!!!
Me hão-de acudir.
Me hão-de tratar.
São as Serranitas
Boas para amar!
Boas para amar,
Queiram ou não.
Serranitas, meu coração!!!
Salve, nobre Padroeira
Salve, nobre Padroeira,
Do povo Teu protegido,
Entre todos escolhido,
Para povo do Senhor.
Do povo Teu protegido,
Entre todos escolhido,
Para povo do Senhor.
Ó glória da nossa terra,
Que tens salvado mil vezes!
O seu amor! O seu amor!
Que tens salvado mil vezes!
Enquanto houver Portugueses, Tu serás o seu amor! | bis |
Flor de suave perfume
Para toda a Lusa Gente,
Entre nós, em cada crente
Tens esmerado cultor.
Para toda a Lusa Gente,
Entre nós, em cada crente
Tens esmerado cultor.
És a obra mais sublime
Que saiu das mãos de Deus.
Nem na terra nem nos céus,
Há criatura maior!
Que saiu das mãos de Deus.
Nem na terra nem nos céus,
Há criatura maior!
A Tua glória é valer-nos,
Não tens maior alegria;
Ninguém chama por Maria,
Que não alcance favor.
Não tens maior alegria;
Ninguém chama por Maria,
Que não alcance favor.
Acorde-nos, Mãe piedosa,
Nestes dias desgraçados,
Em que vivemos lançados
No pranto, no dissabor.
Nestes dias desgraçados,
Em que vivemos lançados
No pranto, no dissabor.
És a nossa padroeira
Não largues o padroado
Do rebanho confiado
Ao eu poder protector.
Não largues o padroado
Do rebanho confiado
Ao eu poder protector.
Portugal, qual outra Fénix,
À vida torne outra vez:
Não se chame português
Quem cristão de fé não for.
À vida torne outra vez:
Não se chame português
Quem cristão de fé não for.
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